Papa Francisco reza diante do Ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Padre Francisco Javier Caballero, C.Ss.R., 07 de Julho de 2015 às 10h07.
No dia 25 de junho, Papa Francisco recebeu em audiência, o missionário redentorista, padre Francisco Javier Caballero, diretor da revista ICON Perpétuo Socorro. Depois de concelebrar a missa da manhã na Casa Santa Marta, padre Caballero teve a oportunidade de falar ao Papa sobre o 150º aniversário da entrega do ícone aos Redentoristas por Pio IX. Leia o que ele conta de sua experiência:
Quando anunciam que você irá participar da Eucaristia com o Papa Francisco, surgem sentimentos com os quais você já se encontrou na vida. Há muito tempo eu descobri que a missa vale por si mesma, em qualquer lugar, em cada comunidade, mas também é verdade que a proximidade com aquele que está "agitando as águas" da nossa Igreja, nos comove de uma maneira especial. Depois de passar o nervosismo inicial, a partir do primeiro momento, Francisco transmite serenidade no momento mais importante.
O Papa fez sua saudação, pedimos perdão, e depois de ouvir as leituras do dia (Gn 16, 1-12.15-16, Sal e 105 Mt 7, 21-29) se aproximou do púlpito e começou a homilia que incidiu sobre três verbos: escutar, falar e agir ... e um substantivo: os "falsos profetas". O Papa disse que não é suficiente o binômio falar-fazer, mas é preciso "escutar", "aquele que ouve estas minhas palavras e não as põe em prática, ele vai ser como o homem que constrói a sua casa na areia, e não sobre a rocha". Quem ouve a Deus constrói a sua casa sobre a rocha do amor de Deus. Os falsos profetas, no entanto, falam sem ouvir a Palavra de Deus. Como um exemplo da pessoa que combina o silêncio e a escuta, ação e contemplação, ele nos falou de Teresa de Calcutá, que "ouviu a voz do Senhor: ela não falou e foi capaz de ouvir em silêncio" e, em seguida, de agir. E, como a casa construída sobre a rocha, "ela não entrou em colapso em seu trabalho". De seu testemunho compreende-se que "os grandes sabem escutar porque após o ato de escutar, eles sabem que a sua confiança e sua força" são provenientes da "rocha de Jesus Cristo". Francisco termina sua meditação com um gesto - foi a única vez que o vi cheio de energia - dando algumas batidas no altar, e disse: "o altar de pedra, forte, robusto é um símbolo de Jesus". É aqui que Jesus se torna "débil, um pedaço de pão", que é dado a todos. O Senhor, que "tornou-se fraco" para tornar-nos mais fortes " e "nos acompanhar nesta celebração e nos ensinar a escutar e a agir" partindo "da escuta e não de nossas palavras".
Ele concluiu a Eucaristia sem outros gestos. Vimos a harmonia do homem simples, e, especialmente, aquele que vive o que celebra e celebra o que vive.
Poucos minutos para tirar os paramentos e nos dizem que Francisco está pronto para nos receber. O sorriso do Papa ilumina a sala: próximo, humano, simples... beijo seu anel, ele pergunta quem eu sou e o que eu faço, eu digo a ele e, em seguida, mostro-lhe o ícone do Perpétuo Socorro. Eu digo a ele que os Redentoristas celebram este ano o 150º aniversário da entrega do Ícone pelo Papa Pio IX e, enquanto escuta a informação que estou dando, eu vejo que ele fecha os olhos e põe a mão sobre o ícone... Eu tento respeitar este momento de oração e acho que eu deveria segui-lo, mas não posso. Depois de um momento, ele abre os olhos e diz: "Continue a espalhar a devoção ao ícone de Maria... rogai por mim na frente dela... o Senhor te abençoe." Depois destas palavras, eu apertei sua mão e ele me deu um beijo.
Quando eu me distancio, as palavras ecoam no silêncio: "rezar diante do ícone", "ficar em silêncio, para que suas palavras não sejam a dos falsos profetas, mas sejam frutos do encontro".
Padre Francisco Javier Caballero, CSsR
Diretor da revista ICON Perpétuo Socorro